Com investimento acessível e alta demanda em datas comemorativas, negócio é uma oportunidade para quem quer empreender em casa. Especialistas explicam como começar do zero
Baixo investimento, possibilidade de trabalhar de casa e alta procura em datas comemorativas fazem da papelaria digital uma alternativa para quem quer empreender no mercado criativo. O setor vai muito além de convites e cartões: inclui kits digitais, embalagens personalizadas, topos de bolo e lembrancinhas para festas e empresas.
Segundo o diretor-técnico do Sebrae-SP, Marco Vinholi, o segmento se conecta a três grandes frentes — varejo de artigos de papelaria, impressão sob demanda e design gráfico — e cresce apoiado no avanço do comércio eletrônico e das tecnologias de impressão digital. “O e-commerce brasileiro cresceu 19,1% em 2024, atingindo R$ 351,4 bilhões [dados do relatório Webshoppers, da NIQ Ebit] A personalização acompanha essa expansão”, diz.
Para a especialista em empreendedorismo criativo Ju Delamura, 33 anos, que trocou a Engenharia Civil pelo universo da personalização digital, o segredo está em começar com estrutura simples, foco e estratégia.
1. Adote postura empreendedora desde o início
“Não trate como hobby. Quando você se posiciona como empreendedora, o mercado também passa a te enxergar dessa forma”, diz Delamura. Formalizar-se é o primeiro passo: se for como Microempreendedor Individual (MEI), o custo mensal gira em torno de R$ 70 a R$ 80. Segundo Vinholi, quem tem CNPJ tem acesso a crédito, melhores fornecedores e programas de apoio do Sebrae.
2. Comece com o que você tem
Não é preciso investir alto de imediato. “Existe uma escada de investimento. No primeiro degrau, você vende só arquivos digitais. Depois, compra uma impressora doméstica, adiciona materiais, investe em uma máquina de corte e, só lá na frente, em equipamentos profissionais. Não é preciso começar lá em cima”, explica Delamura.
O Sebrae estima que o investimento inicial varie de R$ 5 mil a R$ 20 mil, com retorno médio entre 12 e 18 meses.
3. Escolha um nicho e teste produtos
A dica é começar por algo familiar: mães podem explorar festas infantis, por exemplo; quem trabalha com confeitaria pode investir em embalagens e topos de bolo; e quem atua com eventos pode oferecer convites e lembranças personalizadas.
Delamura recomenda criar amostras e oferecer a parceiros locais, como confeitarias, escolas, papelarias, pet shops ou microinfluenciadores do bairro. Esses contatos ajudam a conquistar os primeiros pedidos e validar o portfólio.
4. Calcule preços com método, não no improviso
A precificação deve incluir custo de materiais, valor da hora de trabalho, uma fração do custo do equipamento e margem de lucro. “É o mercado que dita o preço final, mas o cálculo ajuda a não sair no prejuízo”, diz Delamura.
Para Vinholi, do Sebrae, a gestão financeira é uma das três competências essenciais para o sucesso no setor, ao lado da criatividade e da comunicação digital. “Essas habilidades unem paixão, disciplina e planejamento.”
5. Aproveite datas sazonais e amplie o calendário
As grandes datas continuam sendo o motor do setor: Páscoa, Dia das Mães e Natal concentram boa parte das vendas. Mas há outras oportunidades: Dia dos Professores, Dia das Crianças, volta às aulas, Dia dos Avós, casamentos, festas corporativas e Black Friday são alguns exemplos.
“Essas ocasiões ajudam a manter o faturamento estável ao longo do ano, sem depender apenas dos períodos de pico”, afirma o diretor do Sebrae-SP.
6. Use a inteligência artificial como aliada
A IA pode agilizar tarefas e ampliar a criatividade. “Ela ajuda a gerar coleções temáticas, como cartelas de adesivos, criar prompts para artes visuais, escrever descrições de produtos e até nomes de marcas. É uma forma de economizar tempo e aumentar a produtividade”, explica Delamura.
A recomendação é sempre verificar direitos autorais das imagens geradas pelas plataformas de IA generativa.
7. Evite erros que travam o crescimento
Entre os deslizes mais comuns estão investir alto antes de tempo, misturar finanças pessoais e do negócio, aceitar mais pedidos do que é possível entregar e depender apenas das redes sociais para vender. “Muita gente acha que só comprar a máquina resolve, mas sem formação técnica e prática real não funciona. O equipamento é ferramenta, não garantia de sucesso”, afirma Delamura.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios